Friday, April 25, 2008

Por mim achada...

(H) À conversa no Camarim...


Saí para ir ver “Conversas de Camarim”. A peça de Simone de Oliveira e Vítor de Sousa, com Nuno Feist ao piano. Fui em trabalho, para a Jornalismo Porto Rádio, entrevistei os actores, o público e os organizadores. Mas a experiência foi muito mais do que isso.

Foi o olhar rasgado sobre o palco e a sua essência. Foi a música, os poemas ao sabor do Vítor, as canções na voz da Simone. A sala estava cheia, nas cadeiras sentia-se o burburinho inicial, a surpresa, os risos, os aplausos...A noite correu através da conversa que os dois actores partilharam connosco. Foi bom. Foi aquele respirar profundo que nos enche a alma.

Eu fiquei sentada na primeira fila, vantagem de ser jornalista, embrenhei-me no calor do palco, arrepiei-me, deixei o coração acelerar com a beleza dos momentos. Depois, desci ao camarim, vantagem de ser jornalista, e conversei com a Simone e com o Vítor. De gravador na mão fiz perguntas de jornalista com emoção de admiradora...A Simone estava sentada em frente a um espelho inundado de luzes. Fumava e olhava-me através do verde dela...Fiquei nervosa, e depois do muito que tenho feito nem é habitual ficar nervosa assim, fico nervosa, mas passa-me com a rapidez com que passa a primeira pergunta...desta vez emocionei-me porque guardo a figura da Simone no imaginário, desde criança, porque me delicio a cada desfolhada, porque admiro a força com que encarou o cancro, porque vejo nela uma Mulher. Sem preconceitos, com verdade, com crenças, com carisma. Valeu muito a pena entrevistá-la e ouvi-la contar a estória que até já contou noutras entrevistas. O senhor da loja do Porto ofereceu-lhe as violetas por ela ser a Simone, ela recorda-o e reaviva com ele a paixão pelo Porto.

Hoje, também eu sou apaixonada por esta cidade de ritmos, de um cinzento colorido que me encanta.

Também eu recebo as minhas violetas quando passo...e sorrio à medida do tempo e das recordações. Sorrio a cada descoberta.

Um dia sei que vou ser jornalista, com o amor que já tenho ao facto de ir sê-lo. Por isso, guardo cada experiência que os trabalhos que já faço me proporcionam. Sou subjectiva, porque sou eu, procuro não a objectividade plena, mas a honestidade comigo e com os outros.

Ser jornalista não é o sonho da verdade absoluta, é o sonho das estórias que fazem o mundo e as pessoas, com tudo o que essas estórias têm, até o falso, desde que não anunciado como verdadeiro.

De regresso ao camarim...a peça foi publicada na JPR e é lá que vou recordar as conversas...

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